sábado, 18 de julho de 2009

TERRA: PLANETA ÁGUA

No 2º Módulo do Programa de Ressignificação tivemos como tema estruturador Terra: Planeta água e como estudo orientado sugerimos pesquisa de campo sobre alguns rios que passam por nosso município - Jequié - entre eles destaca-se o Rio de Contas.
Para auxiliar no trabalho dos nossos discentes, passamos a expor algum material encontrado, para que eles possam constuir a sua pesquisa.

O que falta para recuperar o Rio das Contas?
Publicado em Junho 19, 2007
Marcos Oliver

A problemática do Rio das Contas atinge a todos nós, direta ou indiretamente. São 74 municípios banhados pelo Rio. A economia local e baiana depende destes 74 municípios. A saúde, por exemplo, tem efeito devastador. E, não importa de qual dessas cidades é o infectado. Ele, certamente, afetará outros municípios e acarretará prejuízos, se não financeiro, mas à saúde de dezenas, centenas ou até milhares de baianos. A água contaminada é fator de risco para toda uma comunidade. Não se importar com a sua condição, é não ter medo das conseqüências.

Existem pontos mais críticos em algumas cidades do que em outras, mas é preciso levar em conta que o rio segue o seu destino, e ele é único, por tanto, não importa se ele esteja pior em outras cidades, o importante é a sua preservação de um modo em geral. Um projeto de recuperação deve ser elaborado, não só para o município de Jequié e outras cidades mais próximas, mas para todas banhadas pelo Rio.


Se não for possível esta ligação, não será fácil manter o seu curso. Como exemplo, temos o trecho que corta o município de Jequié. Está mau tratado. Lixos, tóxicos, esgotos. Produtos que levam anos para se decompor, e outros que não acabam jogados em seu interior. Se não concordarmos em alterar esta realidade. Se não participarmos dessa desintoxicação, não adiantará nem pra Jequié nem para os municípios que são banhados pelo rio, após passar por Jequié.

E o que mais nos preocupa é o fato de já estarmos cientes desse desastre e até sofrendo as conseqüências do mau uso do Rio das Contas, mas nenhuma ação prática.

Podemos aqui justificar que a população é a grande responsável por este descaso? Sim, principalmente a parte rica da sociedade. Empresários, donos de grandes indústrias que direcionam os restos de suas produções para o leito do Rio. Mas, não podemos, nós população “sem poder” punir seus agressores ou tomar qualquer outra providência para sua recuperação, a não ser pedindo às nossas autoridades políticas, que, aliás, são, por nós outorgados para a função de cobrar constitucionalmente os nossos direitos e lutar por eles, de anotar os pedidos populares e executa-los, a fim de tornar viáveis suas convicções. E, se é dessa forma que contribuímos para manter o Rio das Contas, é o que devemos fazer. Mas, para isso é preciso planejamento e prioridade. Se fosse prioridade a recuperação do Rio das Contas, já estaríamos cessando o problema, que, aliás, trará agravantes bem piores num futuro próximo.

Todos sabem que é ao redor de um Rio que se forma uma comunidade, povoado, cidadela, cidade, metrópole. Na antiguidade, os povos migravam para áreas mais férteis na intenção de plantar, banhar-se, saciar a sede, cozinhar, enfim. A partir de então se formava grandes colônias, que foram se desenvolvendo no leito de um rio. Sua economia, principalmente, dependia em muito das oportunidades de cultivo, navegação e pesca. Não é justo que, depois de toda a sua contribuição para o nosso desenvolvimento, viremos as costas para o Rio das Contas.

“O que é a mata ciliar – A mata ciliar – ou mata de galeria – é uma formação vegetal que ocorre nas margens dos cursos d’água. Exerce funções múltiplas e vitais: tem importante influência na preservação da natureza, regulando a temperatura da água, alimentando a fauna aquática, protegendo o solo da erosão, filtrando nutrientes, permitindo um corredor eficiente para fauna, recarregando o lençol freático, impedindo as enchentes e mantendo, em bom estado, a qualidade da água.

A retirada de mata ciliar nas áreas próximas a cursos d’água causa conseqüências gravíssimas ao meio ambiente, em sua maioria irreversíveis. Para se ter uma idéia, a ausência de mata ciliar acarreta a redução da capacidade de retenção da água da chuva, enchentes, falta de abastecimento do lençol freático devido à diminuição da água armazenada, enxurradas que carregam partículas do solo provocando erosão das encostas e assoreamento dos rios e nascentes, entre outros.”

Antes de nos contentarmos com a Tecnologia, com o fato de não sabermos onde é a fonte de onde sai a água para nossas casas, é preciso ter noção de que algumas tecnologias dependem única e exclusivamente da matéria prima natural: da natureza. O homem não inventa a natureza, apenas a modifica. Este, talvez, seja o motivo primordial para a sua manutenção. Tudo que nos é possível no hoje, depende da matéria prima do ontem. A água, o vento, a terra, são essenciais para a nossa existência, ou seja, se deixarmos que se acabem, acabaremos, também, a existência humana. Se não podemos inventar a natureza, pelo menos podemos preservá-la.

E, se ainda não o fizemos pensando em estar economizando, estamos seguindo pelo caminho errado. Estamos pensando em curto prazo. Pesquisas apontam que o Governo gasta muito mais com o tratamento de doenças, do que com suas investidas para evitá-la. Além de gastar menos, estaremos preservando a saúde de nossa população. Estaremos evitando a escassez da água; a extinção de peixes, peculiar do Rio das Contas.
http://marcosoliver.wordpress.com/2007/06/19/o-que-falta-para-recuperar-o-rio-das-contas/